A Veja desta semana traz o sufoco que o jornal norte-americano, New York Times, passa com dívidas e um prejuízo de 74,5 milhões de dólares no primeiro trimestre de 2009. A situação que se prolonga no maior jornal dos Estados Unidos, tanto por sua importância histórica como pelo um dos últimos redutos de um bom jornalismo, preocupa especialistas, mas não tanto a sociedade.
“Em 2002, o Times valia 5 bilhões de dólares e sua ação, 52 dólares. Hoje, seu valor caiu para 700 milhões e sua ação é negociada por volta dos 4 dólares – preço de sua edição dominical na banca. "Os analistas acham que, com a venda da sede e o empréstimo, o Times ganhou dois anos de sobrevida", diz Penny Abernathy, que trabalhou com Arthur Sulz-berger Jr., da família que controla o jornal desde 1896.” (Veja, 29 de abril 2009)
James Leynse/Corbis/Latin Stock
Para agravar ainda mais, uma pesquisa revelou que os leitores norte-americanos não estão incomodados com a ameaça sobre os jornais, com 42% mostrando-se que sentira “pouco” ou “nada se o NYT fechasse.
Da reportagem da Veja, destaco a importância do jornalismo para a sociedade:
“O fechamento de um jornal é o fim de um negócio como outro qualquer. Mas, quando o jornal é o símbolo e um dos últimos redutos do bom jornalismo, não importa quanto isso custe, como é o caso do Times, morrem mais coisas com ele. Morrem uma cultura e uma visão generosa do mundo. Morre um estilo de vida romântico, aventureiro, despojado e corajoso que, como em nenhum outro ramo de negócios, une funcionários, consumidores e acionistas em um objetivo comum e maior do que os interesses particulares de cada um deles. Desde que os romanos passaram a pregar em locais públicos sua Acta Diurna, o manuscrito no qual informavam sobre disputas de gladiadores, nascimentos ou execuções, os jornais começaram a entrar na veia das sociedades civilizadas. Mas, para chegar ao auge, a humanidade precisou fazer uma descoberta até hoje insubstituível (o papel), duas invenções geniais (a escrita e a impressão) e uma vasta mudança social (a alfabetização). Por isso, um jornal, ainda que seja um negócio, não é como vender colírio ou fabricar escadas rolantes. A Áustria orgulha-se de ter o diário mais antigo do mundo, o Wiener Zeitung, de 1703. A Suécia lamentou quando, há dois anos, o Post-och Inrikes Tidningar, o mais antigo semanário do mundo, de 1645, passou a existir só na internet. Nos EUA, a agonia dos jornais tem impacto especial pelo papel histórico que tiveram na construção da democracia e na introdução de uma relíquia constitucional – a garantia da liberdade de expressão, que ocupa lugar vital nos valores americanos.” (Veja, 29 de abril 2009)