segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Desastres ambientais são ainda piores em áreas pobres

Foto: Andres Leighton/Associated Press

Em apenas uma semana, dois acontecimentos ambientais fizeram o mundo relembrar que a situação climática continua em cheque. O terremoto de oito graus na escala Richter que atingiu o Peru na última quarta-feira (15), deixando até então 503 mortos, e o furação Dean, de nível quatro dos cinco possíveis, que atingiu o Golfo do México, nos fazem relembrar das tragédias de 2004 e 2005: o tsunami na Ásia e os furacões Katrina, Rita e Wilma no Golfo do México, respectivamente.

Ao menos 200.000 pessoas morreram no terremoto e tsunamis que sacudiram países do sudeste asiático. E os furacões de 2005, no Golfo do México, causaram dois mil mortos e prejuízo de mais de US$ 100 bilhões.

Os desastres que aconteceram esta semana não devem entrar na lista dos piores da história, porém servem para refletir outro aspecto: o que mata mais não são somente os desastres, mas sim a pobreza e a falta de infra-estrutura das regiões afetadas.

Na Ásia, o grande número de mortos não foi imediato. Ele cresceu ao longo do tempo por causa das doenças provocadas pela invasão das águas marinhas, que se misturaram à dos esgotos danificados pelo impacto, o que desencadeou rapidamente epidemias de leptospirose, diarréias e outras doenças transmissíveis pela água.

Fato semelhante aconteceu no país mais rico do mundo, porém em um dos estados mais pobre dele. A região metropolitana de New Orleans, em Louisiana - EUA, foi inundada deixando cerca de 200 mil casas debaixo d'água e danos no sistema de abastecimento sanitário e de esgoto, obrigando a população se abrigar em estados vizinhos, mesmo contra vontade, pois alegavam que iam perder suas casas e bens.


Foto: David Rochkind for The New York Times

Esta semana, o terremoto no Peru e a passagem do furacão Dean em países da América Central nos alerta novamente para o perigo que comunidades pobrem sofrem ao conviverem com os desastres ambientais.

Segundo informações da Folha de São Paulo, mesmo com a chegada dos ventos fortes na Jamaica e do apelo da primeira-ministra jamaicana, Portia Simpson Miller, a população dos bairros mais pobres, como Kingston, se recusou a ir aos abrigos montados pelo governo. As pessoas preferem ficar em suas casas por medo de que elas fossem saqueadas. “Tem muito crime em Kingston, eu não vou deixar a minha casa", disse Paul Lyn, um morador. Dos mil abrigos oferecidos, apenas 47 foram utilizados.

No Peru, a cidade de Pisco, foi a mais atingida pelo terremoto. Por coincidências ou não, a região tem pouca infra-estrutura. 85% das casas foram destruídas, segundo a Associated Press. Segundo a Defesa Civil do Peru (Indeci), em seu último balanço, publicado na segunda-feira às 14h (16h em Brasília), o número de mortos era de 503 mortos e 1.039 feridos.

O furacão Dean ainda está em plena atividade e se movimenta com ventos de 265 km/h. Ele deve atingir o México na manhã de terça-feira (21). Só espero que o toque de recolher e as políticas emergênciais surtam efeitos e que não precisemos alertar para mais uma comunidade que sofre.

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